
Os adornos são identidades de cada indivíduo, a partir deles conseguimos identificar sua posição social dentro da comunidade de candomblé, alguns desses símbolos e elementos são parte de uma herança ancestral que é preservada e mantida através do culto na nossa cultura. Mesmo com tanta intolerância, somos resistência e ainda sim conseguimos mantê-los vivos e presentes. O espaço do terreiro ainda é um local onde conseguimos mantê-los preservados.
O principal símbolo para os povos de comunidade de matriz africana são os Fios de contas, também chamado de Guias, é composto por contas que são enfiadas em um fio de náilon ou fio encerado, essas contas são miçangas de vidro e suas cores representam as cores de cada Orixá. Através dessa guia é criado um elo entre o indivíduo e a divindade, é um símbolo ritual que traz proteção aquele que o usa no pescoço. As guias são usadas no terreiro e no dia-a-dia, e é um símbolo de extrema importância para o povo de terreiro, pois é através do uso no pescoço que identificamos que a pessoa cultua Orixá, é como uma marca, é um elemento de suma importância e é a partir dele que é criado um compromisso ético e cultural entre nós e os Orixás.
No terreiro Axé Talabi, cada filho é responsável por fazer seu próprio fio de contas quando é iniciado na casa, que lhe é concedido por iniciar um compromisso com o sagrado. As guias são construídas artesanalmente por membros do terreiro, que tem o domínio da simbologia e variam de acordo com o seu uso, essa confecção é algo muito sério. Existem vários tipos de guias, e é a partir delas que identificamos o seu grau de hierarquia na casa, as mais carregadas de insígnias podem conter “firmas” ou algumas representações dos próprios Orixás como um abebé ou um peixe de Oxum, um facão de Ogum, um arco e flecha de Odé, uma espada de Oyá, um opaxorô de Oxalá e assim sucessivamente, além de búzios e palha da costa.
Após o preparo, as guias são lavadas com folhas e sacralizadas, as guias também compõem os assentamentos dos Orixás, elas são colocadas dentro junto com outros elementos, as guias possuem um axé individual, portanto é de uso pessoal. As guias dos Orixás femininos são usadas no pescoço normalmente para frente, e as dos Orixás masculinos são usadas no sentido transversal.
Outro símbolo que é utilizado e carrega um extremo valor e importância dentro do candomblé é o Adjá, um instrumento sagrado que serve para potencializar a comunicação entre o indivíduo e o Orixá, segundo as mais velhas "ele serve para chamar o Orixá na terra", para provocar o transe. Esse instrumento é composto de metal e pode ser confeccionado na cor dourado, prateado ou bronze e também pode possuir uma, duas, ou várias sinetas. É um instrumento utilizado por Iyalorixás, Babalorixás, Egbomis e Ekedys.
Os Idés, pulseiras feita de metal podendo ser dourada, prateada ou de bronze, esse símbolo significa a riqueza, a beleza, a realeza e o processo cíclico das mulheres, é também através do seu uso que identificamos o grau de hierarquia da mulher naquela sociedade. São usadas tanto nas pessoas como nos Orixás, por exemplo, no caso de Oxum usamos o dourado porque o axé de Oxum é ligado a evidência, a ser notada, e o metal dourado ele carrega esse valor de se destacar, de ficar em evidência. Seu uso nos assentamentos tem o sentido para que todo ciclo de trabalho e progresso do indivíduo possa ter um começo, um meio e um final de sucesso.
As paramentas dos Orixás, são elementos afro brasileiros que compõem as indumentárias dos Orixás, geralmente são feitos em latão nas cores dourado, prateado ou bronze, são símbolos que foram introduzidos no candomblé a partir dos contos. As roupas e os adornos no candomblé elas são comunicadoras e contadoras de histórias de cada Orixá, elas carregam elementos, cores e símbolos específicos de cada um e que recontam suas histórias e suas narrativas de lutas. Também podem ser confeccionados de tecidos com búzios, palhas entre outros materiais.