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O Ilé Àse Òrìsànlá Tàlábí, conhecido popularmente como Terreiro Axé Talabi, é uma comunidade tradicional de terreiro localizada no bairro de Paratibe, Paulista (Região Metropolitana do Recife), em atividade há mais de trinta anos, preservando práticas tradicionais do candomblé nagô e do culto à Jurema Sagrada do Rei Salomão. Fora fundado por Maria da Solidade Sousa França – Mãe Dada de Oxalá (Tàlábí Deyìn) e seu companheiro, Aguinaldo Barbosa de França (Obá Dodê) no mesmo endereço onde atualmente funciona. As primeiras atividades rituais públicas do Terreiro foram realizadas em janeiro de 1991, entretanto, possui raízes ainda mais antigas, tendo seus fundamentos iniciados pela família de seus fundadores. O Terreiro Axé Talabi congrega um amplo acervo material e imaterial que subsidia a sustentação cronológica de sua historicidade, o qual foi preservado ao longo de sua existência por meio de narrativas orais de seus fundadores, sucessores e demais membros da comunidade e do cuidado e empenho na conservação de objetos litúrgicos e ritualísticos.

Sediado na periferia da cidade, o terreiro está alocado em um amplo espaço territorial constituído por um conjunto arquitetônico que segue padrões de comunidade preservados pela cosmopercepção africana e negrindígena, sendo composto por moradias, espaço mato, cozinha coletiva, pátio, espaços reservados aos rituais e as celebrações e espaços de produção artesanal. O bairro de Paratibe, historicamente fora um grande território de indígenas pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani (Caeté). O próprio nome da comunidade tem origem do Tupi-guarani “Pirá-ti-bé” que significa, rio de águas claras e peixes prateados. Diversos núcleos quilombolas também foram identificados por historiadores em toda esta região, entre eles o Quilombo do Catucá (século XIX), um dos quilombos mais expressivos em força e dimensão geográfica, tido como um dos mais prósperos e longevos quilombos da história do país.

A relevância de Paratibe como território de lutas negríndigenas é fundamental para a historiografia de Pernambuco e demarca aspectos socioculturais essenciais da população da cidade do Paulista (onde atualmente mais de sessenta por cento declaram-se pretos ou pardos) que historicamente é marginalizada pelas políticas socioeconômicas, violentada pelo racismo e submetida ao genocídio e extermínio da população negra. Há décadas o Terreiro Axé Talabi atua como núcleo de resguardo e transmissão dos valores civilizatórios, modos, técnicas, saberes e fazeres tradicionais que compõem o patrimônio cultural imaterial pulsante desta comunidade, atuando na preservação de referências locais como ferramenta de fortalecimento identitário e proteção da vida da população.

O Terreiro Axé Talabi desenvolve atividades e projetos que promovem à salvaguarda dos bens culturais das comunidades de terreiro, a articulação comunitária, a preservação do território e a proteção e difusão da ancestralidade negrindígena enquanto eixos norteadores de ações que contemplam as mais diversas linguagens artístico-culturais, tendo construído uma consistente e notória trajetória de multiplicação e preservação do patrimônio cultural, através tanto da realização e manutenção de seu calendário litúrgico-ritual quanto da execução de projetos educacionais e socioculturais implementados na comunidade.

Além de seu calendário litúrgico, por meio dos quais se perpetuam tradições ancestrais dos povos afro-indígenas descendentes, possui um vasto trabalho desenvolvendo inúmeros projetos sociais, culturais e ações de segurança alimentar, destacando-se na manutenção de uma relação fortalecida com a comunidade do entorno, a partir de uma atmosfera de cuidado e respeito mútuo. Sua trajetória pública evidencia a preocupação constante com a preservação das tradições culturais dos povos de matriz afroindígena e a proeminência na produção, sistematização e difusão de conteúdo, sendo referência no desenvolvimento de projetos e ações de preservação e transmissão do patrimônio cultural dos povos de matriz africana e afroindígena na comunidade de Paratibe.

Em conjunto, o destaque e excelência na realização destas atividades foram responsáveis pelo reconhecimento público do Terreiro junto a instituições federais, estaduais e municipais: recebeu os títulos de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco (2023), Patrimônio Histórico e Cultural de Origem Africana e Afro indígena Brasileira do Município de Paulista (2021), Prêmio Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana – IPHAN (2015) e Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural - SECULT/PE (2018); Em 2015 o Terreiro Axé Talabi foi reconhecido como Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, através da premiação da iniciativa Tradição, Cultura e Saúde, esta ação tornou-se o embrião da organização e implementação do Ecomuseu Mímó Igbó e de outras ações de memória pautadas na museologia social e comunitária, promovendo atividades de educação patrimonial, inventário, catalogação e digitalização de acervos e de fruição e difusão do patrimônio cultural, constituindo-se assim em um espaço de memória social das comunidades de matriz afroindígena.

Atualmente neste território afro-indígena brasileiro estão preservados diversos elementos culturais, expressões artísticas e festividades. Comidas, danças, roupas, músicas, toques, folhas e a própria língua yorubá, são alguns destes elementos mantidos e utilizados na religiosidade do terreiro para o fortalecimento do axé, para a promoção da vida, do bem estar e da saúde física e espiritual de todos os membros da comunidade.

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© 2021 por  Mãe Ekedy Afine de Oxum do Terreiro Axé Talabi.

​Elewa: a estética ancestral das mulheres do terreiro axé talabi

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