
Um terreiro de candomblé possui referências imagéticas muito forte, muito presente, e é carregado de símbolos e simbologias. A indumentária de um terreiro está presente a partir de um conceito de estética ancestral e está ligada à preservação e manutenção de uma herança africana que ficou no legado da diáspora negra. No terreiro Axé Talabi, essa preservação acontece no cotidiano da casa, nos gestos, na memória, na fala, nos atos, na vivência, ela está presente em todo o coletivo que mantém a casa. Esse legado é mantido através das ações de preservações, onde são continuadas as tradições e fundamentos desde sua fundação.
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As vestimentas no candomblé, elas não tem só a função de cobrir os corpos, ou uma função estética, elas carregam uma cultura, uma identidade, uma memória que é preservada por nós mulheres de terreiro. As indumentárias integram o ritual como parte da manutenção de uma memória negra, que são preservadas, através da oralidade sendo passadas das mais velhas para as mais novas. A indumentária litúrgica traz a função de ressignificar os corpos como templos sagrados através das vestimentas, onde esses corpos também fazem parte do ritual.
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No terreiro existem vários trajes que são símbolos de distinção, poder e identificação da hierarquia. Cada casa possui sua tradição, os tipos de roupas, os tecidos e as formas de como podem ser utilizadas. Contudo todas carregam identidades e heranças semelhantes. O território do Terreiro Axé Talabi, espaço do terreiro é um espaço sagrado, portanto não é permitido o uso de roupas que não sejam adequadas. Usam-se os axós, ou trajes especiais e apropriados para o local, como roupas brancas ou roupas compostas.
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O axó é uma vestimenta indispensável aos filhos de santo, ao entrarem no terreiro, a primeira coisa que se faz ao chegar ao espaço sagrado é tomar um banho de ervas, folhas maceradas, vestir-se com o axó mais simples conhecido como roupa do dia-a-dia ou roupa de ração, falar com os Orixás e logo em seguida pedir a benção da Iyalorixá e do Babalorixá, mãe e pai de santo da casa. Após isso se pede as bênçãos aos mais velhos que estiverem presentes e cumprimentam o restante das pessoas da comunidade.
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O axó feminino é composto por blusa, saia, shokoto (calça), torço e pano da costa, cada um deles tem sua função no corpo templo de cada mulher.
O uso do pano da costa é indispensável, tanto por funções rituais, quanto sociais, ele é utilizado especificamente por mulheres, pois tem a função de proteger o ventre de energias negativas que possam se aproximar.
Outra parte da composição do axó muito importante é o torço, pano de cabeça ou ojá orí. O torço tem a função de proteger a orí, cabeça, e numa casa de tradição é um elemento que só pode ser usado por mulheres, o seu uso é indispensável, em certos rituais ele tem o poder de potencializar o axé que foi colocado na cabeça.
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No terreiro Axé Talabi, a distinção da indumentária tem função importante também porque ela tem o poder de identificar hierarquicamente o papel da mulher na casa, além de perceber sua posição social a partir do uso de alguns elementos ou símbolos como adjá, leques, fios de contas (guias) específicos e outros adornos como pulseiras e aneis que demonstram o local de cada membro.
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A estética visual de um terreiro é muito forte, e vem sendo preservada através de nossas mais velhas, o uso de alguns tecidos se adaptam com o tempo que é vivido e alguns outros são introduzidos a partir do surgimento de acordo com esse tempo e com a tecnologia. Todas as indumentárias e alguns adornos que são utilizados no terreiro Axé Talabi, são confeccionados no próprio terreiro preservando as tradições da casa.
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Mãos que produzem esses axós e adornos:
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Mãe Ekedy Afine de Oxum e Mãe Ekedy Mônica de Oyá são as responsáveis por todas as vestimentas e adornos dos membros do terreiro, somos nós mesmas que costuramos e que produzimos os axós do dia-a-dia, os das festas, dos Orixás e dos Encantados da Jurema Sagrada.
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