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A cultura yorubá é possuidora de importantes postos de grande fundamento na dinâmica ritual de tradição e manutenção, como por exemplo, Iyalorixás, ekedes e Iyabasé, que são geradoras e potencializadoras de vida por natureza, e possuem o Igbádu (cabaça/ventre) ao qual a fecundação possibilita a procriação do ser. Esse fato baseia-se no universo mitológico tradicional, onde as mulheres são possuidoras da força das grandes mães ancestrais. Segundo Juana Elbein dos Santos, as Iyabás, Orixás femininos do panteão yorubá, são divindades cujos símbolos e sentidos representam todo domínio sobre os elementos naturais ligados a procriação. É a partir de elementos femininos que tudo se inicia, a mulher e sua capacidade de gerar e manter é a potência do mundo. 

 

É importante destacar a importância das mulheres de Terreiro na preservação das indumentárias e nas expressões de moda, por meio de vivências protagonizadas pelas Iyabás (mães mais velhas, mestras nas comunidades tradicionais de matriz afro-indígena). No Terreiro Axé Talabi, é nítida a presença, em maior quantidade, de mulheres participantes, pois são elas que conduzem boa parte dos processos rituais. As casas tradicionais Nagô de Recife são sempre dirigidas espiritualmente por uma Iyalorixá e um Babalorixá, isto é, são sempre uma mulher e um homem que lideram a hierarquia da casa, há caso de exceções.

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Na tradição yorubá as mulheres possuem também outro papel importante para a família e para a economia, pois são fortes influências no mercado. Elas são grandes comerciantes, além de boas feirantes, é através daí que trazem o sustento para a casa, tornando-se às vezes mais ricas que o marido. Um dos títulos que lhe é concedido é o de Ialodê, do yorubá Ìyálóde, mãe da sociedade, atribuído à mulher que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade (VERGER, 2002). Outra sociedade importante é a Gèlèdé, que representa o poder feminino da fecundidade e da fertilidade.

 

A referência a palavra Ìyálóde, que vem do idioma iorubá e significa Mãe da sociedade, tratando-se portanto, de um título honorífico concedido a uma mulher de grande importância dentro da cosmovisão social Nagô, uma dama da alta sociedade, esta justamente baseada na valorização do poder matrigestador cujo valor é fundamental nas relações socioculturais das comunidades de Terreiros. A força das mulheres de Terreiros representa, tanto na perspectiva religiosa, quanto na social, uma ferramenta importante para a promoção de saúde, de autoestima e para dignidade humana de suas comunidades.

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​Os conceitos de moda e design para os povos de terreiro têm uma dimensão que envolve usos específicos de determinadas matérias, peças, símbolos e cores. Vestir o corpo sagrado faz parte de um rito que potencializa os meios de produção da comunidade e se constitui como legado cultural, forma de resistência e fortalecimento da identidade étnica e religiosa. As indumentárias são formas de representação visual, histórica e sagrada, que congregam a moda, o design e a religiosidade como elementos do patrimônio cultural dos povos de terreiro. As vestimentas, insígnias e adornos, e suas formas de produção e usos, se diferenciam conforme a Nação/Tradição do candomblé (Nagô, Jeje, Angola, Xambá), mas, uma coisa é comum entre todas estas Nações/Tradições, os processos de manutenção e transmissão das técnicas, fazeres e saberes são tarefas reservadas as mulheres de
axé.

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© 2021 por  Mãe Ekedy Afine de Oxum do Terreiro Axé Talabi.

​​Elewa: a estética ancestral das mulheres do terreiro axé talabi

Indumentárias / Candomblé / Vestimentas | Portalelewa

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Textos: Mãe Afine / Pai Júnior de Odé​

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